Tendência: mulheres optam por fazer a reconstrução imediata da mama utilizando implantes
- Monica Macedo
- 26 de jul. de 2016
- 3 min de leitura
O número de mulheres submetidas à reconstrução imediata da mama após a mastectomia para retirada do câncer de mama, tem aumentado acentuadamente nos últimos anos. A informação é de um estudo publicado no Plastic and Reconstructive Surgery®, jornal médico da Sociedade Americana de Cirurgiões Plásticos (ASPS).
O aumento significativo das taxas de reconstrução imediata nos EUA está intimamente relacionada a uma expansão de 203% no uso do implante de silicone. Os pesquisadores acreditam que a tendência para a reconstrução imediata e o uso do implante sinaliza uma “mudança de paradigma” na reconstrução da mama após a mastectomia nos Estados Unidos.
Usando um banco de dados nacional, os pesquisadores avaliaram as tendências em reconstrução imediata da mama, após a mastectomia, por câncer de mama entre 1998-2008. A análise incluiu a reconstrução autóloga (usando tecidos da própria mulher) ou o uso do implante de silicone, bem como os fatores associados à reconstrução.
Das cerca de 178.600 mastectomias, 51.400 foram seguidas por reconstrução mamária imediata. A partir da década de 1990 até o final dos anos 2000, a taxa de reconstrução imediata, após a mastectomia, aumentou de 21% para 38%, um aumento médio de 5% por ano.
Durante este período, o número de procedimentos de reconstrução autóloga da mama permaneceu relativamente inalterado. Em contraste, a taxa de reconstruções utilizando implantes aumentou: uma média de 11% por ano.
No passado, a maioria das reconstruções de mama eram feitas utilizando o próprio tecido da mulher, tais como a reconstrução com retalhos de tecidos, que utiliza tecido do abdomen. As novas descobertas sugerem que os implantes são hoje a abordagem mais comum para a reconstrução, tendo ultrapassado a reconstrução autóloga após 2002.
Vários fatores contribuíram para o aumento da taxa de reconstrução imediata do implante, incluindo o aumento do número de mulheres submetidas à mastectomia dupla. As mastectomias duplas aumentaram em média de 17% ao ano, durante o período estudado, como um meio de prevenção do câncer de mama em mulheres com alto risco genético.
Os pesquisadores descobriram que as mulheres que se submeteram à mastectomia dupla eram duas vezes mais propensas a optar pela reconstrução usando implantes de silicone do que aquelas que foram submetidas a uma mastectomia de um único lado.
“O aumento observado nas taxas de reconstrução se correlaciona com uma mudança de paradigma para as mulheres, que cada vez mais optam pelo implante mamário como a modalidade principal de reconstrução após a mastectomia”, afirma o cirurgião plástico, Iuri Galembeck Mitev (CRM-SP 132.051), diretor da Duo Clinic.
“A possibilidade de fazer o implante mamário, logo após a mastectomia, é muito relevante para alguém que está se recuperando de um câncer de mama. Em pacientes submetidas à mastectomia, o maior objetivo da cirurgia reconstrutora é a reabilitação estética, retirando da paciente o estigma do câncer e da mutilação. O retorno à condição física pré-câncer é fundamental neste processo e a morbidade da retirada da musculatura não é desprezível”, destaca o cirurgião plástico.
É sempre importante destacar que a colocação de implantes de silicone com finalidade estética não atrapalha a realização de exames como mamografia, ultrassonografia e ressonância magnética. “Porém, se os implantes forem muito grandes, pode haver alguma dificuldade na compressão dos seios, diminuindo a qualidade das imagens obtidas e prejudicando o resultado do exame”, explica Iuri Mitev.
A cirurgia de reconstrução da mama é assegurada pelo Sistema Único de Saúde, SUS, desde 1999. Os procedimentos cobertos incluem o implante da prótese de silicone. A saúde suplementar também prevê a cirurgia plástica reconstrutiva da mama, após tratamento para retirada de câncer para os contratos celebrados após 1998.
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